Folha Paroquial – Domingo III do Tempo Comum

Folha Paroquial – Domingo III do Tempo Comum

Deus quer que todos os homens se salvem

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Apesar destas palavras que vêm como título não constarem nas leituras de hoje, pareceu-me a mais adequada para resumir a primeira leitura e o Evangelho. Sim, Deus ama os homens e tem sempre a iniciativa de lhes estender a mão e os chamar à conversão.

A história de Jonas é muito bonita. É um conto cheio de beleza e de encanto sobre Deus e o amor que Ele tem por todos os homens, seja qual for a sua raça, cor, língua ou religião. O conto podia dizer-se desta forma: «Era uma vez um pequeno profeta de Israel cheio de bom senso, a quem Deus um dia diz: «Não é suficiente que procures converter o meu povo, no teu minúsculo país. Envio-te em missão a Nínive. (segundo o que indicam as ruínas arqueológicas de hoje, Nínive situava-se em Mossul, no Norte do atual Iraque).

Jonas gostava de obedecer a Deus, mas na sua visão, seria altamente insensato fazer uma coisa destas. Se ele já tinha tanta dificuldade em convencer o seu pequeno povo de Israel a converter-se a Deus e a ser fiel à Aliança, que possibilidade tinha ele de fazer o que quer que fosse por um povo enorme, inimigo figadal de Israel, sempre pronto a invadir o seu país? E para que é que se havia de esforçar para salvar um país pagão sempre pronto a invadir Israel? Antes que Deus continuasse com a sua insensatez de querer converter através de Jonas este povo pagão, ele foge e embarca para longe, até ao fim do mundo. Mas no barco levanta-se uma enorme tempestade e ele vê nisso a consequência da sua desobediência e tentativa de fuga à voz de Deus.

Como é um homem honesto confessa aos responsáveis do navio que a razão daquela tempestade é ele mesmo que foge de Deus. Crentes daquele tempo acreditam e lançam Jonas ao mar para se salvarem. Entretanto um grande peixe engole Jonas. Quentinho no ventre do peixe tem tempo para orar e se converter. O peixe cospe Jonas nas praias de Nínive e, desta vez, Jonas já não foge. Vencido, começa a pregar sem convicção chamando os Ninivitas ao arrependimento. O que Jonas desejaria é que os Ninivitas não se arrependessem para que Deus destruísse a cidade e não escapasse ninguém que seria um descanso para Israel. Mas para tristeza de Jonas, os Ninivitas ouvem a palavra, fazem penitência desde o maior ao mais pequeno e todos se arrependem.

Só Jonas parece não se arrepender. Vai ser preciso Deus dar-lhe uma lição de amor, através de um pequeno arbusto do deserto que lhe fez sombra durante o dia mas que à noite morre. Ele fica irritado com a morte do arbusto e Deus diz-lhe: “Entristeces-te com a desaparição de um arbusto que de manhã nasce e à tarde morre e eu não me deveria contristar com a destruição de um povo numeroso que habita nesta cidade e não havia de fazer tudo para o salvar? Jonas compreende finalmente que Deus é um Deus bom, compassivo e cheio de misericórdia para com todos.

Comecei por dizer que era um conto, uma história, mas que nos diz a Verdade sobre Deus e o que Ele deseja. Realmente «Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, pois Ele «amou tanto o mundo que lhe enviou o seu Filho para que quem n’Ele crer não pereça mas tenha a Vida eterna.» Ah se cada cristão percebesse o desejo que Deus tem de chegar ao coração de cada homem, faríamos muito mais por isso.

O Evangelho apresenta-nos o início da atividade messiânica do Filho que vem para oferecer aos homens a salvação. De forma lapidar, Marcos apresenta-nos o kerigma de Jesus, isto é, aquilo que foi o conteúdo fundamental do seu anúncio; «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

A Igreja faz parte do plano de Deus para que a salvação de Jesus chegue até aos confins da terra. Sem a Igreja o Evangelho nunca sairia de Jerusalém e, mesmo aí, duraria pouco tempo.

Por isso a primeira obra messiânica de Jesus é a escolha dos discípulos a que deu o nome de Apóstolos. Eles seriam os alicerces da nova comunidade que Ele queria instituir. Por isso, Jesus deu tanta atenção à formação dos seus discípulos. E no final da sua vida, antes de partir para o céu, deixa-lhes um mandato em que lhes diz: «Ide por todo o mundo, fazei discípulos de todos os povos, batizai-os e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos mandei». Jesus fez discípulos e disse-lhes que formassem outros, pois sem discípulos não há Igreja e não há seguidores de Jesus, de tal forma que a Missão da Igreja é evangelizar para formar discípulos que o sigam. Nós somos os discípulos que o Senhor tem hoje para enviar ao mundo como fez com Jonas. E não precisamos de ir para muito longe.

É na família, no local de trabalho, ou até nos tempos livres que somos chamados a ser «pescadores de homens». Mas é também no imenso mundo virtual das redes sociais que posso ser «pescador» para Cristo. A nossa paróquia sendo a Igreja situada neste território que lhe está confinado tem esta missão de Jonas: Ide, de rua em rua, de casa em casa, de apartamento em apartamento, anunciar que Deus os ama e que se lhe abrirem o coração experimentarão a Vida eterna. Muitos pensarão como Jonas: «Isso é uma insensatez» e tentarão fugir a esta missão, (às vezes eu também tento fugir). Vemos a missão a partir do nosso olhar e das nossas forças e não a partir do olhar de Deus e do Seu poder.

Membros do Conselho Pastoral correram muitas casas para colocar na caixa do correio dos paroquianos o desdobrável das atividades da paróquia. Mas parece-me que, no futuro, vale mais entregar menos desdobráveis, mas falar com mais gente. O que importa é o diálogo pastoral, é a partilha fraterna. Na próxima Lectio Divina da Quaresma seria possível que algumas famílias ou pessoas individuais se juntassem no mesmo prédio, ou na mesma rua fazendo grupos de oração com a Palavra de Deus?

Mas milagres acontecem quando, como Jonas, obedecemos a Deus e vamos na força do seu Espírito. Paróquia de S. José e S. João Baptista, formai-vos para a Missão, rezai pela missão e parti para a Missão, pois a isso vos envia o Senhor e é para isso que existis. Se não fazeis isso deixais de ser relevantes, pois Jesus formou-vos com este fim.

Hoje estarão à saída da igreja algumas pessoas que fazem parte da equipa do percurso Alpha dando um convite a quem o quiser aceitar. O Alpha é um método de evangelização posto á disposição das paróquias para que se tornem evangelizadores dos seus irmãos. Porque não experimentar primeiro para si, para depois convidar outros a fazê-lo? Sejamos ousados, pois Deus nos deu um Espírito de ousadia e de fé.

 

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