Folha Paroquial – Domingo IV do Tempo Comum

Folha Paroquial – Domingo IV do Tempo Comum

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

A folha pode ser descarregada em: Domingo 4 Tempo Comum

A Deus é o totalmente outro, Deus invisível e inefável que ninguém jamais alguém viu ou pode ver, mas Deus é amor, e o amor não é distante, mas próximo. Por isso, Deus, querendo fazer-se entender por nós, criaturas limitadas, tinha de encontrar uma forma de comunicar connosco e de nos dar a sua palavra e se revelar. A 1ª leitura de hoje diz-nos como, a pedido do próprio povo, que temia o Mistério inefável de Deus, Lhe pediu que escolhesse profetas que lhe falassem em nome d’Ele. E foi assim durante todo o Antigo Testamento. Mas Deus queria mais. A carta aos Hebreus começa assim: «Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais pelos profetas, nestes tempos, que são os últimos, Deus falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e por quem criou o mundo.» A partir da encarnação de Jesus, Deus fez-se pessoa humana, em tudo igual a nós. Assumiu a nossa contingência e limites, fez-se carne e falou-nos de viva voz. Há um verbo que se repete muitas vezes sempre que Jesus cura alguém. É o verbo aproximar. Na cura do leproso, Jesus que devia, segundo a lei ficar ao longe para não ser contaminado pela lepra quando ouvir o leproso gritar, aproximou-se, estendeu a mão e tocou-lhe dizendo: «Quero curar-te. Fica limpo». O leproso foi tocado por Jesus, ouviu a sua voz humana e sentiu a sua compaixão.
Noutra cena, ia a passar um funeral de um jovem, filho único de sua mãe que era viúva. Jesu ficou cheio de compaixão pelas lágrimas daquela mãe. Aproximou-se, tocou no caixão e disse ao morto: «Jovem, eu te ordeno, levanta-te.» E o jovem saiu para fora vivo.
Na parábola do Bom Samaritano, enquanto se diz que o sacerdote e o levita viram e passaram ao lado, distantes, o Bom Samaritano, encheu-se de compaixão e aproximou-se, tocando-lhe.
Podíamos continuar com muitos exemplos. O que acontece com Jesus diante do sofrimento humano é: « Enche-se de compaixão, aproxima-se, toca e fala para agir e salvar.
Deus é um Deus que se aproxima, que se faz próximo, para estar connosco.
Por isso a resposta da Igreja só pode ser a mesma. Uma Igreja compassiva, que se aproxima dos homens feridos, que lhes estende a mão para os curar.
O papa Francisco dá-nos o exemplo desta proximidade. Ele costuma dizer: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. Ai quanto nós todos temos de ouvir ainda esta frase para a passarmos para a vida. Já tem havido grandes progressos, mas quanto falta ainda para que as pessoas nos sintam próximas delas de coração e de vida.
Esta proximidade começa pelo acolhimento a todos sem preconceitos. A Igreja deve ser mais e mais acolhedora a todas as formas de viver que as pessoas escolheram, mesmo que não seja aquela que nós achamos bem, segundo os nossos valores. Jesus entrou em casa de Zaqueu, comeu com o fariseu, entrou e casa de Mateus o publicano, enquanto os fariseus o criticavam. E ele, pacientemente, explicava porque o fazia. «Eu quero a misericórdia e não o sacrifício pois não vim chamar os justos mas os pecadores.»
Se Deus se aproximou tanto de nós, fazendo-se o nosso mais próximo ao ponto de querer ser nosso alimento, não nos afastemos nós d’Ele, mas aproximemo-nos cada vez mais “d’Aquele cuja alegria «é estar com os filhos dos homens.” Este é o lema do plano da Diocese de Coimbra: “Aproximai-vos do Senhor”. É este também o lema que escolhemos para as Conferências quaresmais que terão lugar no salão de S. José, durante as primeiras 4 quintas- feiras da quaresma.

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