“«Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas».”
A folha pode ser descarregada em: Domingo VI da Páscoa
«O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai»
Hoje, quarto Domingo de Páscoa, somos convidados a fixar os nossos olhos no Bom Pastor que deu a vida pelas Suas ovelhas e que ressuscitou de entre os mortos para as conduzir à Vida Plena. Jesus deixa bem claro que o Bom Pastor é aquele que não se serve das ovelhas mas que dá a vida por elas. Se repararmos bem a expressão «dar a vida» aparece repetida no texto 5 vezes. O que não dá a vida pelas ovelhas nem merece o título de pastor, é mercenário, isto é, não trabalha por amor, mas para se servir delas. Imitar e incarnar o Bom Pastor é missão de todos os ministros ordenados na Igreja, mas as palavras de Jesus servem para todos aqueles e aquelas que são líderes de qualquer pequeno ou grande grupo que têm por missão guiar. O catequista e qualquer outro responsável de pequenos grupos, é pastor do seu grupo, mas também o político cristão deve tomar para si estas palavras de Jesus, “O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas”, de contrário é mercenário. A Igreja colocou no 4º Domingo da Páscoa a semana mundial de oração pelas vocações, pois é conhecido por Domingo do Bom Pastor por sempre se escutar o evangelho onde Jesus se intitula como o Pastor das ovelhas. Quando celebramos este dia podemos ser tentados a pensar que é uma semana mais para os padres e freiras, pois trata-se de pedir o dom das vocações consagradas, como se a vida dos leigos, das famílias e de todos os que se dedicam à missão não tivesse também de ser vivida como vocação ou melhor como resposta a uma vocação, a um chamamento. É verdade que não podemos descurar as vocações de especial de consagração e, de modo especial, os ministros ordenados, pois a Igreja não pode viver sem o ministério sacerdotal. Embora esse seja um dos objetivos principais da semana, ela existe também para lembrar a todos os crentes que a nossa vida é fruto de um chamamento de Deus e ninguém está dispensado de viver a sua vida como resposta a esse chamamento amoroso. Como lembra o papa Francisco na mensagem para este dia: «não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina. (…) Por isso, “na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.” E o papa na mensagem indica-nos estes três aspetos importantes para aprendermos a ouvir o Senhor e a responder-lhe: «escuta, discernimento e vida». Ninguém ouve Deus se não fizer silêncio orante no fundo do coração. «Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Assim, pode acontecer que a Sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.»(….) Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada». Por isso, quem é capaz de parar para fazer silêncio entra na contracorrente do mundo e encontra um oásis no meio do deserto. O silêncio da adoração eucarística nas nossas paróquias pode ser esse oásis para todas as pessoas que querem escutar a voz do Senhor, que chama em todas as idades e circunstâncias, para O seguir. Os jovens das nossas paróquias precisam de aproveitar este oásis. Se não fazemos silêncio interior, acabamos por viver de uma forma caótica e não como resposta a um chamamento.
Depois de escutar é preciso discernir. Diz o papa: “O discernimento espiritual, é um «processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida». (…) Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.»
E o 3º aspeto é viver, isto é, decidir responder ao Senhor. “A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.» Às vezes escutamos a voz do Espírito, percebemos o que o Senhor quer, mas tornamo-nos mestres do adiamento. E assim o tempo vai passando e cada vez se torna mais difícil a decisão porque “nos fechámos em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.”
Deus nunca se cansa de nos chamar em qualquer idade da vida para O seguirmos mais fielmente. Possamos cada um de nós encontrar espaço no nosso dia a dia para ouvir Aquele que nos ama e porque nos quer dar a plenitude da felicidade, não desiste de bater à nossa porta e chamar-nos para mais longe no amor e na doação de nós mesmos.
Estou atento aos apelos que Deus me vai fazendo ao longo da vida a ir mais longe no amor e na entrega?