Senhor Dom Virgílio Antunes
Bispo de Coimbra,
A nossa primeira palavra é de gratidão: a sua presença entre nós – apesar de breve – há de perdurar na memória desta comunidade paroquial, constituindo-se em “fonte de graça e de bênção” para todos e cada um. Sentimo-nos renovados na alegria da fé e revigorados no entusiasmo pela missão!
No decurso desta visita pastoral, pudemos aprender e partilhar com o nosso Bispo o modo de ser cristão nos dias de hoje, seja em encontros de trabalho com grupos e movimentos, seja no convívio alegre de refeições tomadas em comum, seja ainda numa das sessões Alpha, que à volta da mesa vem permitindo a muitos dar início ou aprofundar o seu encontro pessoal com Cristo.
De igual modo, tanto as crianças que na catequese dão os primeiros passos na escuta refletida da Palavra de Deus e lotaram acompanhadas dos seus pais o salão paroquial, como os adolescentes (ASJ e Escuteiros) que se confrontam com os desafios exigentes que a condição de cristão lhes coloca nesta sociedade secularizada, beneficiaram-se de tempos exclusivos aproveitados pelos mais novos – envolvendo os responsáveis pela sua formação cristã – para saborear as palavras doces transmitidas por quem espelha muito particularmente a preferência de Jesus pelos pequeninos e pelos mais velhos para em diálogo aberto e fraterno alargar horizontes de vida e esperança.
Por outro lado, também os idosos e doentes puderam usufruir, nas casas que os acolhem e cuidam deles (Centro Social de São José e Clínica Montes Claros), o conforto amoroso da sua companhia e a força transfiguradora das palavras que soube, paternalmente, segredar-lhes, mitigando, destarte, o sofrimento e solidão que tantas vezes os angustia.
Nas escolas visitadas, foi, por um lado, o alvoroço contagiante da criançada e, por outro, a atitude respeitosa, mas interpelante dos mais velhos, reunidos em grande número nos auditórios dos respectivos liceus, que emprestaram uma visibilidade acrescida ao acolhimento esclarecido, generoso e caloroso que é apanágio da caridade pastoral, mas se traduz, simultaneamente, num aspecto particular e maravilhoso da forma como nos foi ensinando a olhar para o outro. Melhor dizendo: a evangelizar.
É, todavia, no sacramento eucarístico que a comunidade eclesial encontra a sua identidade originária e verdadeira, irmanada em Cristo na comunhão da Igreja, local e universal. Foram, portanto, as celebrações eucarísticas presididas pelo nosso Bispo o momento mais alto deste encontro pastoral, sinal que são do Amor incomensurável de Deus pelo seu povo santo. Por certo que não deixámos de nos associar, nessas ocasiões, às nossas irmãs e irmãos de Chão do Bispo, cuja magnífica capela visitámos, e a todos que vítimas da violência e da pobreza são assistidos, respectivamente, pela APAV e Centro de Acolhimento São João Paulo II, instituições de reconhecido mérito, igualmente incluídas neste itinerário pastoral.
Por último, importa sublinhar a atenção e incentivo que conseguiu transmitir a quem dá o melhor de si em gratuidade absoluta a favor das pessoas de todas as idades que frequentam nas mais diversas atividades o Centro Norton de Matos, assim como o espírito de maior descontração com que encantou os que nos aguardavam na Academia da Briosa. Em todas as alturas e circunstâncias, o mesmo desvelo apostólico potenciado pela simplicidade de coração e cordialidade de trato que o caracterizam.
Senhor Bispo: São Paulo diz, numa das suas Cartas: “Acolhei-vos uns aos outros, na medida em que também Cristo vos acolheu, para glória de Deus. Que o Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança, pela força do Espírito Santo” (Rm 15, 7.13). Estamos certos que a visita que nos fez deu um novo alento de alma a esta comunidade, em ordem a que ela possa em consonância com a exortação feita pelo Papa Francisco em A Alegria do Evangelho (EG, 114) converter-se num “lugar da misericórdia gratuita, onde todos se possam sentir acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho”. É, pois, imbuídos desta esperança renovada na ação do Espírito Santo – que confirma e transforma – e em sinal da nossa amizade, comunhão e unidade, que lhe solicitamos que aceite esta oferenda, singelo testemunho da Alegria sentida com a sua vinda até nós, que – como afirma na Carta de anúncio da visita pastoral à Diocese – “de algum modo reflete aquela especial visita com a qual o supremo ‘pastor’ e guardião das nossas almas, Jesus Cristo, visitou e redimiu o seu povo”.
Deus Nosso Senhor o cubra de bênçãos para maior benefício de todas e todos que a cada tempo lhe estão confiados. Bem-haja!