Folha Paroquial nº 78 *Ano II* 19.05.2019 — DOMINGO V DE PÁSCOA

Folha Paroquial nº 78 *Ano II* 19.05.2019 — DOMINGO V DE PÁSCOA

«Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor, meu Deus e meu Rei. »

A folha pode ser descarregada aqui.

 

EVANGELHO (Jo 13, 31-33a.34-35)
Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros». 

MEDITAÇÃO

1. Com Cristo ressuscitado e o envio do Espírito começaram os
novos céus e a nova terra.
O livro do Apocalipse que lemos como segunda leitura, fala-nos da visão de um novo céu e uma nova terra onde já não há lágrimas, não há morte, nem luto, nem dor. O que era antigo passou. Primeiro céu, primeira terra, reenvia-nos para o Génesis, o primeiro livro da Bíblia. Assim, para entendermos o último livro da Bíblia, temos de ir ao primeiro, já que o último é a consumação em plenitude do primeiro. No Génesis lemos: “Deus criou o céu e a
terra” e deu-se conta de que a Sua criação era boa, e no caso do homem e da mulher, era muito boa. E no entanto fazemos a experiência quotidiana de lágrimas, de luto, de tristezas, injustiça e dor. É também o Génesis que nos dá a explicação de que este mundo belo e bom, foi atingido gravemente na sua beleza, harmonia e felicidade pelo pecado dos nossos primeiros pais do qual todos fomos herdeiros e retransmissores. Ele diz-nos que a raiz de todos os sofrimentos está na falha que se cavou entre Deus e a humanidade. É esta desconfiança original que arruina a Aliança e que empurra a humanidade a tomar caminhos que só lhe reservam fracassos. Mas Deus, que sempre amou os homens, não desiste do Seu sonho de uma humanidade nova e vai-o fazendo saber ao longo da revelação bíblica. O profeta Isaías refere-se a esta nova humanidade com palavras muito parecidas com as do Apocalipse escutadas hoje: «Eis que eu vou criar um novo céu e uma a nova terra…já não mais se lembrarão do passado. Exultai de alegria, rejubilai pelo que vou criar (…) jamais se ouvirão gritos de dor e lágrimas de sofrimento» ( Is 65, 17-20).
Parece-nos ouvir ressoar nestes textos aquilo que Paulo diz: «Os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. A criação espera com impaciência a revelação dos filhos de Deus…ela aguarda na esperança a libertação da escravidão da corrupção, para participar na liberdade dos filhos e Deus. De facto, a criação inteira geme e sofre ainda as dores de parto» (Rom 8, 19-22).
Jesus utilizou mais a expressão «Reino de Deus» para falar dessa novidade que Ele veio trazer e se há-de consumar em plenitude. E esse Reino que esperamos e para o qual trabalhamos é, ao mesmo tempo, continuidade e rutura com esta terra que habitamos. O nosso trabalho de cristãos e de todos os homens de boa vontade contribui grandemente para a renovação da Criação, pois a intervenção de Deus transfigurará os nossos esforços.
Qual a nossa colaboração para que venham os novos céus e a novaterra?

2. Pela evangelização o mundo é transfigurado
Em primeiro lugar é necessário que Deus venha ao coração dos homens e da história. Sem a ação de Deus no coração dos homens não há Reino de Deus, não há novos céus e nova terra. Por isso, é necessária a evangelização, como fizeram os apóstolos depois da ressurreição e do envio do Espírito, como nos conta a primeira leitura de hoje. Todo aquele trabalho dos apóstolos em anunciarem o Reino de Deus é porque eles sabiam e acreditavam, que pela força do Evangelho, o mundo pode ser transformado em Reino de Deus e, ontem como hoje, nós vemos isso a acontecer. Aí onde o Evangelho entra, um pequeno pedaço do mundo novo começa a ver-se. O Evangelho muda o coração das pessoas e leva-as a agirem como Cristo, conduzidas pelo seu amor que as habita. Ah, se todos os cristãos percebessem quanto é necessária a evangelização e que esta não se trata tanto só de algo religioso, de um trabalho de transfiguração do mundo pois quando Deus deixa de habitar o nosso coração o mundo transforma-se em imundo, o cosmos transforma-se em caos.

3. A vivência do Mandamento Novo é sinal da presença do Espírito Santo no coração dos homens a renovar todas as coisas.
É isso que faz com que o mandamento seja novo. O que é novo não é o amarmo-nos uns aos outros, pois isso já vinha do Antigo Testamento. O que é novo é amar como Ele, quer dizer, sendo completamente guiados pelo Seu Espírito, amar com o amor que vem d’Ele. E assim compreendemos melhor as suas palavas: «É por este sinal que todos reconhecerão que sois meus discípulos; se vos amardes uns aos outros». Mais do que um mandamento é uma constatação. Se somos seus discípulos é o seu próprio Espírito que dita os nossos comportamentos. Deus sabe quanto amar no concreto, no dia a dia, é dificil para nós. Pois bem, se o conseguirmos fazer nas nossas comunidades cristãs, o mundo será obrigado a admi”r que o Espírito de Cristo age em nós! Somos, pois, convidados a um ato de fé! Crer que o seu Espírito de amor nos habita, que os seus recursos de amor que doravante temos connosco são capacidades de amor insuspeitadas porque são as de Jesus em nós. E então torna-se possível amar «como Ele»
porque o seu Espírito vive em nós. E se o fazemos estamos a criar os novos céus e a nova terra, onde o amor tudo vence: As guerras, o ódio, a injustiça, o mal. Não podemos confundir amor com sensibilidade. Jesus disse que
nos amássemos uns aos outros e disse-o num contexto de serviço, de lava pés. Nós até podemos sentir alguma «alergia» sentimental para com alguns irmãos. Os sentimentos são o que são e não os mudamos quando
queremos, mas podemos decidir amar os irmãos mesmo se eles não nos
atraem nada sentimentalmente.
Podemos decidir fazer-lhes todo o bem que Jesus lhes faria, servindo-os com alegria e humildade no amor de Jesus. E assim estamos a construir os novos céus e a nova terra onde habitará a justiça e o amor, e onde Deus será tudo em todos. Que venha o teu Reino, que venha o teu Espírito, que venham os novos céus e a nova terra. 

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