Folha Paroquial nº 128 *Ano III* 07.06.2020 — SANTÍSSIMA TRINDADE

Folha Paroquial nº 128 *Ano III* 07.06.2020 — SANTÍSSIMA TRINDADE

Digno é o Senhor de louvor e de glória para sempre.

A folha pode ser descarregada aqui.

“EVANGELHO (Jo 3, 16-18)
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Por-que Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita n’Ele já está condena-do, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».”

REFLEXÃO

Porque te amo, ó Igreja minha mãe!

Amo-te porque foi em ti que encontrei Cristo e vivi um novo nascimento. Deste-me à luz anunciando-me o Evangelho e transmitindo- me o Espírito Santo. Amo-te porque me ajudaste a crescer, nutrindo-me com o alimento sólido da Palavra de Deus e da Eucaristia. Amo-te porque me deste irmãos que me testemunharam o seu amor por Cristo e foram para mim exemplo de fé e de que valia a pena seguir Jesus. Amo-te porque me ensinaste o valor da partilha, da entrega, do perdão e da cruz. Amo-te porque me ajudaste a não viver apenas dos meus sentimentos espontâneos e imediatos, mas a tornar-me livre para amar para além dos impulsos espontâneos. O meu amor por ti não tem nada do arrebatamento da juventude nem daquele amor inocente do convertido que ainda só vê a tua beleza, pois ainda não teve tempo de descobrir os teus defeitos. Eu, porém, amo-te Igreja, mãe e esposa, com todos os teus defeitos e rugas. Por causa deles, já houve várias noites sem dormir, já houve tensões, revoltas, discussões, agressões, pecados, incompreensões e vontade de deixar tudo. Mas fui percebendo que as dificuldades amadurecem o amor e o tornam mais sólido, mais ancorado na rocha firme.

Amo-te na comunhão e na unidade de um pequeno grupo eclesial que reza e canta o louvor de Deus ou aprofunda a sua fé; amo-te no encontro de comunhão na paróquia. Mas sinto uma alegria e um espanto imenso quando saindo para latitudes distantes, no Ruanda ou na Guiné Bissau, ou ainda na Turquia ou em Roma celebro a mesma fé com culturas e línguas tão diferentes. E digo baixinho: «São meus irmãos, filhos do mesmo Pai e membros da mesma Mãe-Igreja.» Dás-me irmãos de todas as raças, cores, povos e línguas e fazes com que o mundo inteiro seja a nossa casa e a nossa raça. Por isso qualquer racismo é anti-cristão e anti-eclesial. Sei que te amo, pois quando vejo propalados e ampliados os defeitos e pecados graves dos teus membros, sejam eles clérigos ou leigos, sinto como se uma espada me ferisse a carne, como se estivesses a ser ferida na tua beleza e no resplandecimento com que haverias de irradiar a luz de Cristo.

Amo-te na tua dimensão mais completa, a Igreja Diocesana, e na tua realização mais próxima, a comunidade paroquial. Aliás o primeiro rosto que conheci de ti foi o da paróquia lá onde fiz a catequese e participei na missa desde pequeno. Foi mais tarde que descobri o teu rosto mais completo. Amo-te comunidade paroquial porque a minha alegria é ver-te crescer e fazer o bem. Quanta alegria sinto quando vejo os que começam a caminhar para ti e, pouco a pouco, a sentirem-se em sua casa, a casa do Pai, a fonte do amor. É preciso tempo para se sentir como em sua casa, e é o mistério da Igreja: o sentimento de uma presença transcendente e bondosa. «Que misterioso é este lugar! Aqui é a casa de Deus, aqui é a porta do céu.» (Génesis 28,17). Jacob tinha tido um sonho: viu uma escada apoiada na terra, cuja extremidade tocava o céu; e, ao longo desta escada, subiam e desciam anjos de Deus. Espantosa visão, pois esperaríamos que eles descessem do céu, e depois subissem, mas diz-se que eles subiam e voltavam a descer. Jesus dá-nos a explicação no princípio do evangelho de João dizendo a Natanael que veremos «o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o filho do homem» (Jo1,51): Cada vez que estamos na presença de Cristo ressuscitado, Filho do homem, e na comunhão dos irmãos, os anjos de Deus sobem e descem atestando a sua presença. Nós vivemo-lo em cada missa, se estivermos atentos a isso, mas não só na missa: penso naqueles encontros pessoais onde alguns de vós por vezes me falam da ação de Deus nas suas vidas. Seria uma grande lista destes encontros, se a fizesse, onde a Igreja, presente na paróquia, se revela como Porta do Céu. Como diz S. João no final do seu evangelho, «Jesus fez sob o olhar dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro» (Jo20,30).

Amo-te Igreja na tua imensa caridade, pois ao longo da tua já milenar história nunca houve uma instituição com tão grande história de amor. Eu sei que tiveste momentos infelizes de pecado e infidelidade, mas sei que o bem que fazes é muito superior.

A ti, Santíssima Trindade, um só Deus em três pessoas, obrigado pela Igreja nascida do lado aberto de Cristo na Cruz. Ela foi feita à vossa imagem e semelhança. Ela é diversa, plural nos seus membros, mas um só povo unido na caridade. Bendito sejais pela Igreja minha mãe. Protegei-a e guardai-a para que ela seja sempre uma mãe fecunda a dar à luz muitos filhos para vossa glória e salvação do mundo.”

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