Folha Paroquial nº 129 *Ano III* 14.06.2020 — DOMINGO XI DO TEMPO COMUM

Folha Paroquial nº 129 *Ano III* 14.06.2020 — DOMINGO XI DO TEMPO COMUM

Nós somos o povo de Deus, as ovelhas do seu rebanho.

A folha pode ser descarregada aqui.

“EVANGELHO (Mt 9,36-10,8)
Naquele tempo, Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».”

REFLEXÃO

A Visão de Jesus

Se tivermos presente os evangelhos na sua globalidade, percebe-mos que Jesus vivia polarizado por uma visão e um programa de vida que Ele queria realizar. Quando começa a sua vida pública, entra na Sinagoga de Nazaré, onde se tinha criado, e lendo o profeta Isaías, encontra aí o seu programa de vida. “O Senhor enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos oprimidos, a alegria aos que sofrem”. O que Jesus vê, ao longe, é o homem salvo. Se definirmos visão como “um sonho realizável que produz paixão em nós”, podemos dizer que Jesus viveu habitado pelo sonho de ver a alegria da salvação no coração dos homens quando se encontravam com a misericórdia de Deus. Quando Jesus entrou em casa de Zaqueu, vislumbrou a sua visão em cumprimento; quando esteve sentado junto ao poço de Jacob a conversar com a Samaritana, estava a cumprir o seu programa, polarizado pela vi-são do homem renascido pelo encontro com Deus. E como se ale-grava interiormente nesses momentos, ao ponto de estremecer de alegria sob a ação do Espírito Santo! Mas Jesus sabia que isso eram apenas sinais do reino, pois ainda faltava muito para ver a sua visão totalmente realizada. O chamamento dos discípulos é para dar continuidade à realização da sua visão, depois da sua partida para o pai.

Ao longo da história do cristianismo, a visão de Jesus foi assumida e vivida com matizes diferentes por homens e mulheres que se deixaram tocar por Jesus. Francisco de Assis, vendo a igreja de S. Damião em ruínas, ouve Jesus a dizer-lhe: “Francisco, reconstrói a minha igreja, pois, como vês, está em ruínas.” E S. Francisco, vi-vendo a santa pobreza, vai reconstruir a Igreja do seu tempo comunicando a sua visão a tantos que o seguiram. S. Charles de Foucauld, que vai ser canonizado brevemente, dizia: “Sonho com qualquer coisa de muito simples, grupos pequenos e semelhantes às comunidades dos primeiros tempos na Igreja… viver a vida de Nazaré, no trabalho e na contemplação de Jesus… ser uma família pequena, onde tudo seja muito humilde e simples”. E esta é a vi-são que vai polarizar toda a vida deste homem que outros vão seguir.

A equipa de animação pastoral da paróquia (EAP) de S. José, andou durante um ano a trabalhar para escutar interiormente e receber de Deus a visão para a paróquia. (A paróquia de S. João Baptista já tinha feito este trabalho há vários anos, e já está a desenvolver a sua visão que a maioria dos paroquianos conhece de cor). A Visão de uma paróquia é uma imagem do que Cristo nos chama a tornarmo-nos, como comunidade, para prosseguir a sua missão de salvação, no nosso ambiente concreto. Ela apresenta um futuro duradouro que suscita paixão e força no coração dos fieis. Como a fé, dá a ver coisas antes que elas se realizem (Hebreus 11,1). Ela responde à pergunta: «Para onde vamos?» «Onde queremos estar daqui a 10 ou 20 anos?»

Quais as características e vantagens de uma visão?

É clara e fácil de comunicar, dá um horizonte comum e uma direção a médio ou longo prazo. Preserva da confusão: “Por falta de visão o povo entra no caos” (Prov 29, 18). Quando a visão é partilhada, torna-se fonte de unidade. Dá sentido e coerência às nossas atividades. Ela é espiritual e estimula a fé, a esperança e a caridade.

É audaciosa e entusiasmante, motiva e dinamiza toda a comunidade. «I have a dream». Suscita a criatividade e congrega energias. Porque é ampla, implica cada um na missão, segundo os talentos e carismas. Incarnada, leva em conta o meio ambiente comunitário e dá-nos segurança.

É realista e serve de critério para discernir as melhores oportunidades. Permite hierarquizar as prioridades e avaliar os nossos avanços.

Andamos há muito tempo a olhar a paróquia, aspetos positivos e limites, o ambiente externo com as suas oportunidades e também com as suas dificuldades. Fomos conversando com muitos paroquianos, e foi-se gerando na EAP algum pensamento comum, que julgamos vir de nós e do Espírito Santo, que acabou por ficar com a seguinte redação:

Nascemos do encontro pessoal com Cristo, crescemos na comunhão com Deus e com os irmãos, formamo-nos como discípulos que evangelizam com ousadia e servem com amor.

Deixo a explicação do conteúdo da visão para o próximo Domingo. Acrescento apenas que a visão está no presente porque é um sonho que nos polariza no presente e porque também já existe uma parte realizada a mostrar-nos que não é um sonho idealista mas concretizável. A paróquia tem já uma história e um caminho realizado, e a visão faz-se sempre a partir desse caminho e tendo em conta essa história. É a partir daqui que nos projetamos no futuro.”

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