Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.
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“EVANGELHO (Mc 13, 33-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».”
MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
“AH, SE RASGÁSSEIS OS CÉUS E DESCÊSSEIS!
…MAS VÓS DESCESTES.
1. Começamos hoje um novo ano litúrgico, segundo o ciclo com que na Igreja se marca o tempo de viver a graça recebida no mistério da Incarnação, de que o Natal é a primeira expressão. Depois, no mistério pascal da paixão, morte, ressurreição do Senhor e envio do Espírito Santo que constitui o centro e o eixo de todo o ano litúrgico. Desta forma, somos convidados a reatualizar a graça que está em nós. E fazemo-lo em Igreja, juntos e não de forma solitária.
2. A primeira leitura mostra-nos a necessidade de salvação que habitava o coração da humanidade antes da vinda do Verbo: “Éramos todos como um ser impuro, as nossas acções justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas.” Com um coração fechado e endurecido, só Deus nos podia estender a mão e tirar-nos do abismo. E o profeta Isaías, inspirado por Deus, faz eco do anseio interior da humanidade. “Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes!” E nós, homens e mulheres resgatados por Cristo, o Homem novo, sabemos agora interpretar de modo novo a afirmação do profeta: “Mas Vós descestes, e perante a vossa face estremeceram os montes”. «Deus amou tanto o mundo que lhe enviou o seu Filho Unigénito». Ele uniu a sua divindade à nossa humanidade e elevou-nos à condição de filhos de Deus. Pela sua morte e ressurreição, justificou-nos, perdoando-nos todas os nossos pecados. Agora falta a nossa parte. Em cada Advento somos convidados a partir, a “recomeçar” sem cessar, nós que patinamos e às vezes até recuamos. Deus deseja que sejamos uma imagem idêntica à do Filho que Ele nos enviou. Mas ainda não chegámos a essa plena identificação. É verdade que, como diz S. João, «Agora já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou tudo o que havemos de ser. O que sabemos é que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é» (1Jo3, 2). Sermos semelhantes a Ele, é o propósito de Deus para nós e deve ser também o nosso propósito. Em nós já existem as primícias, pois já vive em nós o homem novo desde o batismo, como nos diz a segunda leitura de hoje: “já não vos falta nenhum dom da graça”. Mas existe ainda em nós, ao mesmo tempo, o homem velho a tornar-nos mais pesado o caminho da identificação com Cristo, também chamado santidade. Por isso, avancemos com coragem ao encontro do Senhor: “Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
3. No evangelho, os discípulos Pedro, Tiago, João e André perguntam a Jesus quando viria o fim do mundo? (Mc 13 3.4). Mas Jesus parece estar mais preocupado com o que acontecerá à sua família-igreja quando Ele partir. Por isso, conta-lhes a parábola em que lhes fala de um Senhor que partiu de viagem e deixou a sua casa ao cuidado dos seus servos. Esta casa é a sua Igreja, a sua nova família. E Ele diz ainda que, ao partir, deu plenos poderes aos seus servos, e atribuiu a cada um a sua tarefa. Reparem que nesta casa só se fala de servos. Somos todos servos do mesmo Senhor. O único Senhor é Ele, a quem devemos esperar vigilantes enquanto servimos com alegria na sua casa. Estou a ser servo? No advento em que renovamos o nosso desejo de que Cristo, o único Senhor, venha ao encontro dos seus, queremos estar no lugar que Ele nos confiou, no serviço. Assim, identificar-nos-emos mais com o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida. Neste tempo conturbado, anime-nos a certeza de que o Senhor vem e não nos abandona. Maranatha, Vem, Senhor Jesus.”