Na Paróquia de São João Baptista temos a graça de ter irmãos com um grande dom para decorar o local da celebração – em particular o presbitério e o altar – a partir da liturgia proposta pela Igreja. Há anos que a Ana Faustino dedica amorosamente muito do seu tempo para que os irmãos, ao entrar na igreja, comecem desde logo a saborear a Palavra de Deus que será proclamada.
Este fim de semana, o primeiro de confinamento geral, não é exceção, como podemos avaliar pelas fotos. No centro temos duas varas: uma de um arbusto de jardim e outra, diante da primeira, uma cepa de videira. Jesus é, nas suas palavras, a «videira verdadeira» fora da qual todos os ramos secarão. João Baptista era apenas a voz daquele que clama no deserto “preparai os caminhos do Senhor”: “vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus.” Muitas mais pedras poderiam ter sido colocadas sobre as redes (“«Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde.”) e, aquelas que se deixam pescar ganham em estatura e poderão integrar até a estrutura de uma construção (“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”).
A vida e a alegria daqueles que vêm e ficam com Ele é totalmente renovada (“Quem quiser ganhar a sua vida há de perdê-la e quem a perder por minha causa há de ganhá-la”): isso está representado nas verduras e nas flores brancas e rosas – o que é verde está vivo, o branco daqueles que “lavaram as vestes no Sangue do Cordeiro” e o rosa que na liturgia significa alegria. Também rosa é o pano que cai do altar, juntamente com as redes: do Céu vem o apelo e a graça que envolve e estrutura todos aqueles que se deixam chamar.
Na foto não se vê muito bem, mas a vara da videira é uma mais grossa à qual estão ligadas outras duas, também elas de diferentes espessuras: à cepa está pois ligada uma vara principal (“Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.”) e outra mais comum (“Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus.”). Em cada uma destas varas temos suspensos doi catos cujas cores vão do verde ao rosa: todo aquele que segue Cristo, o Messias, entra no caminho da vida e alegria verdadeiras.
Por cima de uma das pedras, a maior, está aquilo que no nosso país de mais parecido existe com tâmaras – mas que não só não são tâmaras como não servem para nada, os frutos das nossas palmeiras. Ao contrário das plantas e das flores, estão secos pois, todo aquele que decide seguir o Senhor tem de fazer escolhas e deixar alguns pesos para trás.
À Ana Faustino, o autor deste texto – Paulo Farinha Silva – pede desculpa por aquilo que eventualmente lhe escapou.