Missas – Acolhimento ou Ordem?

Missas – Acolhimento ou Ordem?

Antes da pandemia já havia uma equipa de acolhimento em ambas as paróquias – por isso foi mais fácil colocar em prática a exigência de uma equipa de ordem, dando cumprimento às orientações da Conferência Episcopal portuguesa aquando da reabertura das nossas igrejas em junho passado.

Que faziam essas equipas de acolhimento, antes do confinamento? Em princípio davam-se os bons dias a todos quantos se aproximavam da porta da igreja, enquanto se distribuía a folha paroquial e se acolhia de forma mais personalizada um ou outro – ou porque havia muito tempo que não era visto na paróquia, ou porque tinha estado hospitalizado, ou porque tinha recentemente celebrado o seu aniversário, ou simplesmente porque naquele dia estava mais bonito(a) ou produzido(a) naquele dia. O importante é que cada um, ao entrar na igreja, se sinta aquilo que é: especial.


Especialmente em São João Baptista, era também tarefa da Equipa de Acolhimento procurar garantir que toda a gente estava bem acomodada durante a celebração. Procurava-se garantir que ninguém tinha de ficar de pé, mesmo aqueles que chegavam muito atrasados, e havia que acomodar os mais pequenos num local que lhes estava reservado com almofadas pelo chão junto ao ambão. E se uma mãe estava mais atrapalhada com um bébé mais chorão, era-lhe possível ir para a sacristia de onde podia continuar a acompanhar a celebração e ao mesmo tempo dar mais atenção à criança.

Claro que muitas vezes, depois da missa, especialmente em São João Baptista, havia pipocas feitas na hora para as crianças e um moscatel ou porto para os adultos. Agora não se pode. Mas, com os cuidados possíveis, especialmente durante o verão, e por não se poder ignorar o dom da vida, ainda celebrámos um ou outro aniversário.


Depois veio a pandemia: durante o verão, enquanto as missas eram na rua, havia um verdadeiro exército que em cada celebração montava o presbitério improvisado e dispunha todas as cadeiras que tinham que ser limpas e higienizadas antes e depois de cada celebração, para além de se ter que montar e afinar o sistema de som e garantir a alimentação elétrica do espaço. No entanto, como era na rua, continuava a ser possível acolher as pessoas – entendendo-se por acolher falar com elas. Com a vinda do inverno, isso é mais difícil, uma vez que se devem evitar a todo o custo aglomerações de pessoas.

Atualmente, dada a exiguidade das nossas igrejas quando confrontadas com o número de fiéis que integram as nossas comunidades, a equipa de ordem e acolhimento tem ainda de procurar garantir que, salvaguardado o distanciamento social, as exigências sanitárias e a lotação do espaço, todos continuam a caber lá dentro. É que cada cabeça, cada sentença. Se calhar, há muito tempo que não havia tantas oportunidades de pôr em prática o amor ao próximo, sendo que amar o próximo implica aceitar que o outro pode e tem o direito de pensar de uma forma diferente da minha.

 

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