Folha Paroquial nº 164 *Ano IV* 21.03.2021 — DOMINGO V DA QUARESMA

Folha Paroquial nº 164 *Ano IV* 21.03.2021 — DOMINGO V DA QUARESMA

Dai-me, Senhor, um coração puro.

A folha pode ser descarregada aqui.

“EVANGELHO (Jo 12, 20-33)
Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

SENHOR, NÓS QUERÍAMOS VER JESUS.

Jesus tinha feito uma entrada triunfal em Jerusalém antes da festa da Páscoa e os chefes dos judeus estão preocupados. A multidão aclama-O como Messias e eles já não sabem o que fazer. Na altura em que falam entre eles sobre isso, chegam uns judeus da diáspora (os gregos), que, dirigindo-se aos discípulos de Jesus, à vista dos fariseus, lhes dizem: «Nós queríamos ver Jesus». Não somente vê-lo de longe, mas aproximar-se, falar com ele, conhecê-lo. Os discípulos vão dizê-lo a Jesus e este responde «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.» O que quer isto dizer? Glorificar não tem nada a ver aqui com o sentido de vaidade que damos hoje a esta palavra nas nossas línguas. Dar prestígio e reconhecimento, elogiar. Na Bíblia, a glória de Deus é a força e o poder da sua presença resplandecente e transformante como na sarça ardente ou na luz gloriosa do Tabor. Quando Jesus diz: «Pai, glorifica o teu nome», podemos traduzir: “Pai, dá-te a conhecer tal como és. Revela-te como Pai cheio de amor que concluiu com os homens uma aliança eterna de amor.”

Jesus disse a Pilatos que “veio ao mundo para dar testemunho da verdade”. E esta verdade é dizer e mostrar quem é Deus, pois, como Ele disse, “a vida eterna consiste em que te conheçam a ti único Deus verdadeiro e ao teu Filho a quem enviaste”. Ele veio para nos dar a vida eterna que vem pelo conhecimento íntimo de Deus, pela experiência da relação com Ele. É na medida em que nos encontramos com Jesus, que O vamos conhecendo intimamente, que vamos experimentando em nós a Vida Eterna. Conhecer a Deus, através de Jesus e no Espírito Santo, viver uma relação íntima com Ele, é a fonte de todos os bens. O desejo dos gregos é o desejo gritante de muita gente hoje. Uns sabem-no, outros sentem a insatisfação, como se lhes faltasse alguma coisa que não sabem o que é, mas quando O encontram compreendem então o que lhes faltava. A relação com Deus para o qual fomos feitos.

“Dias virão, em que estabelecerei…uma aliança nova”. Essa é a promessa do Antigo Testamento. E porque é que Deus quer constituir uma Aliança nova? Porque o povo tem fracassado constantemente no cumprimento da Primeira Aliança, feita entre Deus e o povo que constitui o paradigma da fé de Israel. Aliança Nova não significa outra aliança, mas uma nova etapa da mesma Aliança. Deus, ao ver que o povo não é capaz de ser fiel ao que lhe deu, promete que irá fazer algo novo: irá inscrever a sua lei, já não em tábuas de pedra, mas no coração de cada pessoa. «Dar-lhes-ei um coração novo e um espírito novo.» E em Ezequiel Deus acrescenta: “Dar-vos-ei um coração novo e um espírito novo, arrancarei do vosso peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne, infundirei em vós o meu Espírito, e vivereis segundo as minhas leis e andareis nos meus caminhos» (Ez 36,26-27) Como é que Deus fará isso? Enviará o dom do Espírito, que é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Não é por acaso que o Pentecostes aconteceu no dia do Pentecostes judaico que celebrava o dom da lei a Moisés escrito nas tábuas. No Pentecostes cristão, Deus escreve a sua lei no íntimo do coração, enviando o seu Espírito. Quem recebe este dom conhecerá a Deus. “Todos me conhecerão desde o maior ao mais pequeno”. É porque todos conhecerão Deus, não de forma superficial, mas a partir de dentro, como Ele é, Deus de amor e de perdão, e porque experimentarão o seu eterno amor, que agora todos seguirão os seus caminhos e obedecerão às suas leis. Só aquele que se encontra com Jesus e recebe o dom do Espírito Santo percebe que está a viver a Nova Aliança realizada pelo dom da vida de Jesus como grão de trigo lançado na terra para dar muito fruto. Conhecendo e experimentando o seu amor, sentem-se atraídos para Ele por laços de amor, como Ele disse: “Quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». A sua morte na cruz provocará a explosão do Espírito naqueles que acreditarão n’Ele. É a nova aliança no seu sangue que Jeremias e Ezequiel tinham anunciado.

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