Folha Paroquial nº 171 *Ano IV* 09.05.2021 — DOMINGO VI DA PÁSCOA

Folha Paroquial nº 171 *Ano IV* 09.05.2021 — DOMINGO VI DA PÁSCOA

O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.

A folha pode ser descarregada aqui.

“EVANGELHO (Jo 15,9-17)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».”

MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS

É ESTE O MEU MANDAMENTO,
QUE VOS AMEIS UNS AOS OUTROS, COMO EU VOS AMEI

Os textos bíblicos de hoje, na continuação do Domingo passado, colocam-nos no coração da vida e da experiência cristã. Tudo começa com o encontro pessoal com Cristo na força do Espírito. O romano e pagão Cornélio, que pratica o bem, é abençoado com uma visão de um anjo que lhe diz para mandar chamar Pedro que lhe dirá as Palavras que o conduzirão à Vida. Pedro chega a Casa de Cornélio e anuncia-lhe o Kerigma, isto é, o condensado do anúncio cristão, que contempla a iniciativa amorosa de Deus de nos enviar o seu Filho, que se fez homem, passou fazendo o bem e ensinando. Os homens mataram-no, mas Deus ressuscitou-o dos mortos e Ele apareceu aos seus discípulos que foram constituídos como as suas testemunhas. Agora, quem acreditar nele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados, o dom do Espírito Santo e uma Vida Nova.

Diz-nos o texto que “ainda Pedro falava, quando o Espírito desceu sobre todos os que estavam a ouvir a palavra.” Informa-nos também que essa vinda do Espírito não foi silenciosa, mas teve manifestações visíveis nos carismas que trouxe consigo em dom de línguas e de profecia. Assim, Cornélio e a sua família, abrindo o coração à fé, recebem, com o batismo, o perdão dos pecados em nome de Jesus e o dom do Espírito Santo, embora não tenha sido por esta ordem.

Cornélio e a sua família são agora renascidos pela água e pelo Espírito Santo, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Agora precisam de aprender a nova Via ou Caminho do discipulado cristão que vai transformando a pessoa a nível do agir, até que se pareça cada vez mais com o agir de Jesus. É o processo da santificação ou da conversão. Nas palavras que ouvimos hoje, na segunda leitura e no Evangelho, o amor aparece como um dom e uma tarefa. Dom, porque primeiro recebemos em nós o amor de Deus. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho.” O amor vem de Deus, diz-nos ainda S. João. E Jesus continua no Evangelho: «Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi e vos destinei para que vades e deis fruto». Ora, esse amor original de Deus vem até nós no Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Por isso, quem renasceu pela água e pelo Espírito, conhece o amor de Deus, isto é, faz a experiência de que é amado por Deus. O amor antes de ser um mandamento é um dom, é uma experiência de vida e só pode amar quem faz a experiência do amor. Mas depois, com a experiência do dom, deve vir a resposta ao dom que é o nosso dever de amar, o cumprimento do mandamento do amor. E Jesus é claro: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que vos mando, que vos ameis aos outros.

A IGREJA ESCOLA DA FRATERNIDADE
A Igreja é a comunidade dos amigos de Jesus, daqueles que é suposto darem testemunho da vivência deste mandamento novo. Pois se nós, os discípulos, não o vivermos, quem o irá viver? Mas como iremos a aprender a viver o mandamento novo se não vivermos em igreja ou se só a visitarmos de relance, ao Domingo, para ir à Eucaristia, mas sem construirmos relações com os outros membros através do serviço? O amor fraterno só é possível começar a ser aprendido quando as diferenças de opiniões, de maneiras de ver, de temperamentos, se começam a manifestar.

S. Pacómio começou por ser um eremita – que era a escolha que muitos faziam naquela época, de quem se queria santificar naquele tempo. Afastavam-se do mundo para viverem sozinhos na solidão do deserto, no jejum e na oração. No entanto, algum tempo depois, Pacómio começou a questionar-se: Como é que eu poderei aprender a amar se não me relaciono com irmãos? Como vou aprender a crescer na humildade se vivo sozinho? Poderei eu aprender a ter paciência e bondade estando isolado? Ele percebeu que sem a Igreja não podia crescer. Por isso deixou de ser eremita e fundou um mosteiro

Ele percebeu que para que os frutos espirituais fossem desenvolvidos, era necessário que ele estivesse perto de pessoas. Pacómio encerrou a sua vida de eremita e formou um dos seus primeiros mosteiros.

O ACOLHIMENTO – UMA EXPRESSÃO DO AMOR FRATERNO
Este amor sincero e a partir da nossa experiência do amor de Cristo pode ser visibilizado no acolhimento aos irmãos que chegam para a celebração dominical, embora vá muito para além disso. Mas é um começo. Acolher com um sorriso os irmãos, conhecer os seus nomes, a sua história, dar-se conta de necessidades diversas que vivem, é mostrar que somos uma comunidade de irmãos onde todos são bem-vindos. Embora o acolhimento seja feito à porta da igreja por alguns, eles são representantes de toda a comunidade que deve toda ser acolhedora. Pouco a pouco, o rosto da comunidade aberta e fraterna começa a ver-se. E torna-se mais atraente e missionária.

O EXERCÍCIO DO CONVITE, ATO DO AMOR FRATERNO
Mas será também o verdadeiro amor fraterno que vem de Deus que me levará a crescer na cultura do convite aos irmãos, saindo da minha zona de conforto para ir ao encontro deles e convidá-los a virem a um percurso Alpha, ou a uma célula paroquial de evangelização ou à catequese de adultos ou simplesmente à missa. Porque amo os irmãos, desejo que eles tenham a alegria que me foi dada de conhecerem a Cristo e viverem uma relação com Ele.

IGREJA EM SAÍDA
É o mesmo ato de amor fraterno que me levará a querer servir a igreja no serviço dos pobres, quer dando aulas a emigrantes, quer ajudando filhos de famílias pobres a terem explicações para poderem ter sucesso nos exames, quer indo ao encontro de famílias em necessidade. O amor tira-nos da nossa zona de conforto e leva-nos em saída ao encontro dos outros. Uma comunidade missionária será uma comunidade que vive o mandamento novo do amor (comunhão) e vai em saída ao encontro dos outros (missão).

Jesus escolheu-nos e destinou-nos para que demos frutos de caridade e sejamos sal que preserva o mundo e lhe dá sabor.

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