Mandai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a terra.
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“EVANGELHO (Mc 20,19-23)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».”
MEDITAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
No Domingo passado, na Ascensão, a propósito do mandato missionário do final do evangelho de Marcos, lembrámos que os outros evangelistas Sinópticos, Mateus e Lucas, terminam todos com o mesmo mandato evangelizador, e em todos Jesus promete a sua presença. Em Mateus, Jesus diz que estará com eles todos os dias até ao fim dos tempos (Mt 28,20); em Marcos, é dito que o Senhor cooperava com eles, confirmando a palavra com os milagres que a acompanhavam (Mc 16,20); e em Lucas, Jesus afirma-lhes que «Vou mandar sobre vós o que o meu Pai prometeu. Entretanto permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto.» (Lc 24,49). Hoje, Domingo de Pentecostes, ouvimos o mandato missionário em S. João: «“Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós”. Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”».
Nunca será demais dizê-lo: Evangelizar é a missão fundamental da Igreja. Ela existe para evangelizar. Não é uma insistência do nosso tempo, é um mandato bem explícito de Jesus que nenhum evangelista esqueceu de transmitir, pois era demasiado importante. Mas, ao mesmo tempo, é preciso nunca esquecer que o primeiro agente da evangelização é o Espírito Santo. Sem Ele, a evangelização seria uma propaganda. «Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo».
O Espírito impele-nos a «fazer-nos ao largo», a sairmos ao encontro do mundo, a irmos de casa em casa, a proclamarmos de todas as formas possíveis que Jesus está vivo, que, quando lhe abrimos o coração, uma nova vida acontece. Deus ama os homens e quer o seu bem e a sua salvação. O Espírito leva-nos a não nos fecharmos nos nossos interesses pessoais, mas a acreditarmos que vale a pena sermos generosos com a nossa vida, o nosso tempo e o nosso dinheiro na missão que Ele nos confia de chamar as pessoas à relação com Ele, pois quer que todos saibam que são amados infinitamente. Ao mesmo tempo, chama-nos a sermos construtores da Igreja como casa de comunhão onde todos aprendemos a amar e a servir com humildade. Quando o decidimos fazer, Ele vem em nosso auxílio e desenvolve em nós capacidades espirituais e humanas que desconhecíamos a que chamamos «dons» ou «carismas», como fala a segunda leitura. Esses dons são para o crescimento do Corpo que é a Igreja e, embora possam estar ligados a talentos naturais, vão muito mais além do que eles. São uma graça específica de Deus para a edificação da comunidade. Esses dons já se notam em muitos irmãos e precisam de ser valorizados e agradecidos. Os versículos que hoje ouvimos na segunda leitura fazem parte dos capítulos 12 a 14 da Carta aos Coríntios onde Paulo faz uma reflexão alargada sobre os dons e carismas para a edificação do Corpo de Cristo, dizendo que a distribuição destes dons é diversificada e que nem todos possuem este ou aquele carisma mas que Deus distribui-os a cada um conforme quer. Aquele que os recebe e que são confirmados pelos irmãos, deve recebê-los com gratidão e humildade colocando-se generosamente ao serviço da comunidade, pois foi para isso que lhe foram dados. Por conseguinte, os carismas são concedidos pelo Espírito Santo a determinados fiéis, a fim de os tornar capazes de contribuir para o bem comum da Igreja. A variedade dos carismas corresponde à variedade de serviços, que podem ser momentâneos ou duradouros, privados ou públicos. Quando um serviço se torna duradouro e recebe uma chancela de reconhecimento público da Igreja, chama-se ministério. Em primeiro lugar vêm os ministérios ordenados e depois os ministérios laicais. O Papa Francisco abriu à igreja a possibilidade de os leigos serem instituídos em novos ministérios reconhecidos. Entre os ministérios laicais recordamos aqueles instituídos com rito litúrgico: o leitorado e o acolitado. Depois, vêm os ministros extraordinários da comunhão eucarística e, recentemente, o Papa Francisco abriu a possibilidade de novos ministérios como o de catequista e de vários outros. Imagino uma Igreja ministerial em que cada um vive de uma forma entusiasmada o mandato que o Senhor nos deu de evangelizarmos e servirmos com alegria e amor. Na visão da paróquia de S. José, é dito: «Nascemos do encontro pessoal com Cristo, crescemos na comunhão com Deus e com os irmãos, fazemos discípulos que evangelizam com ousadia e servem com amor.» E na de S. João Baptista está escrito: «Somos uma comunidade orante e acolhedora, enraizada em Cristo, que serve e anuncia o evangelho para a transformação do mundo.» Em cada visão está bem patente a negrito esta imagem do futuro de uma igreja que serve e evangeliza. Que o Espírito Santo nos inunde e o sonho se torne realidade concreta, pouco a pouco.