A Visão para a Unidade Pastoral

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A nossa visão enquadra-se num processo de conversão que vai desde a descrença ou indiferença religiosa, até ao discípulo-missionário.
A pastoral, hoje, não pode ser feita apenas de eventos isolados, mas tem de tornar-se num processo permanente de conversão. O Papa Francisco utilizou o termo 25 vezes na Evangelii Gaudium. Ele próprio está a querer mudar a experiência sinodal na Igreja, tentando transformá-la não apenas num evento de 4 em 4 anos, mas num processo sinodal em que a Igreja caminhe junta. Esta imagem de processo contínuo está muito presente na Escritura. Por exemplo, quando Jesus utiliza a imagem das etapas de crescimento do trigo, fala da planta, depois da espiga e, finalmente, do trigo maduro na espiga. O próprio Êxodo é um processo de libertação, bem como os três anos de formação dos discípulos antes de serem enviados em missão.
Santa Teresa de Ávila aponta o caminho da perfeição cristã como um processo que vai da primeira até a sétima morada.
No enunciado de visão da paróquia de São José, está bem presente esta ideia de processo: nasce, cresce, forma-se, dá fruto no serviço da caridade e na evangelização.
Apresentamos aqui dois esquemas do processo de conversão pastoral e missionária que temos presente na nossa Unidade Pastoral: o primeiro é mais utilizado pela Renovação Divina do Canadá e, o segundo, pela escola francesa de transformação pastoral.

O segundo, utilizado pela escola francesa de transformação pastoral, é uma outra forma de apresentar o processo pastoral para passar da periferia ao centro, isto é, da não fé à fé viva e ativa, olhando para as pessoas que circulam à nossa volta e para o nosso próprio caminho.

A partir de fora:
Mundo
Pessoas sem ligação nenhuma com a Igreja que habitam no território da paróquia. O Papa chama-lhe as periferias.
No Evangelho, a multidão designa as pessoas que se aproximam de Jesus, que o vêm escutar, que querem ver milagres e beneficiar das curas, mas cuja atitude permanece ambígua. Ela não está ainda ligada a Jesus e pode mesmo voltar-se contra Ele.
Multidão
Quem é a multidão nas nossas paróquias? Identificamo-la com os que ainda aparecem para batizar os filhos, para serem padrinhos, para as missas de corpo presente ou sétimo dia, para o dia dos finados. Alguns deles ainda põem os filhos na catequese, embora muitos já não o façam. Não vêm à missa regularmente, mas são a priori simpatizantes da fé católica.
Família
A família corresponde aos cristãos que vêm regularmente à missa. Sentem-se subjetivamente pertencentes à paróquia e dizem: “esta é a minha paróquia. Sinto-me, bem aqui.” Colaboram financeiramente para a paróquia e cumprem o mínimo regulamentado. Família designa a Igreja, família de Deus.
O Batismo é o sacramento objetivo da pertença à família, mas muitos batizados hoje situam-se de facto no mundo ou na multidão.
Discípulo
Discípulo designa a pessoa que se coloca ativamente no seguimento de Jesus. Lê a Palavra de Deus para conhecer a vida de Jesus e tenta pôr em prática os seus Mandamentos. É por isso uma etapa de conversão que supõe uma verdadeira mudança. Mudança que é, ao mesmo tempo, espiritual, pois trata-se de pôr em prática hábitos de oração regular; também do ponto de vista do conteúdo da fé (o Credo, a parte dogmática do ensino da fé) e da vida moral (viver em coerência com os mandamentos). O discípulo alimenta-se da graça sacramental da Eucaristia e da Confissão.
Discípulo-servidor
O discípulo-servidor deu um passo em frente comprometendo-se a servir a família espiritual. Ele já não é só consumidor. Tem a preocupação pelo corpo inteiro que é a Igreja, pelo bem comum da paróquia. A questão está em encontrar o seu justo lugar na paróquia, o lugar onde pode desenvolver todos os seus talentos e potencialidades ao serviço dos outros.
Discípulo-missionário
O discípulo missionário dá mais completamente a sua vida por Cristo. Tem uma viva consciência da missão universal da Igreja e compromete-se nessa missão. Assume os riscos que comporta anunciar Jesus, sair de um certo conforto e de se colocar sob a moção do Espírito Santo. Deseja anunciar Jesus ao mundo levando consigo os seus irmãos e irmãs nesta missão e acompanhando-os. O crescimento do Reino de Deus e a transformação missionária da Igreja tornam-se a sua paixão. Não se trata de um estado excecional reservado a uma elite. É a condição habitual do batizado, adulto na fé. O discípulo missionário é um cristão completo, adulto, que trabalha sempre para se converter, serve a paróquia e tenta anunciar Cristo no seu meio.
Porém, queremos não esquecer que um processo vem sempre em segundo lugar, em relação à graça de Deus que o precede. Tudo o que podemos fazer pelo nosso esforço é necessário, mas vem em segundo lugar, pois o que acontece primeiro é a graça, sem a qual nada avança. Quando Deus toca uma pessoa, ainda que ateia, pode fazer dela, quase de imediato, um discípulo-missionário a viver a plenitude da caridade, saltando todas as etapas.

Para cada etapa, propostas diferentes
Conhecendo a situação de cada um, podemos e devemos fazer as propostas de que as pessoas mais precisam e a que estão abertas.
Exemplos:
Mundo: podem ser tocados pelas obras sociais da Igreja e pelo trabalho caritativo dos cristãos, pelas ações culturais, pela arte e pelo serviço dos pobres. Estas obras silenciosas dos cristãos são uma porta aberta para o contacto com os não crentes.
Multidão: é o espaço do anúncio kerigmático. Este anúncio visa tocar o coração pela descoberta e experiência do amor de Deus, por exemplo, através do Alpha, mas também através da preparação para o batismo dos filhos, ou da preparação do casamento, ou ainda da catequese familiar.
Família: é o momento em que nos juntamos à família, onde nos sentimos membros através da participação regular na missa dominical. Neste estádio, juntar-me a uma célula, a uma equipa Alpha, a um movimento ou a uma fraternidade é um bom sinal desta pertença à família que é a Igreja.
O discípulo: esta etapa é a da conversão à vida cristã, tanto na vida espiritual (oração pessoal), sacramental (eucaristia e confissão) como intelectual (formação catequética e bíblica). Aqui, entram em jogo as propostas de formação dos diversos percursos existentes na paróquia: percurso de catequese de adultos, percurso sobre os Evangelhos, percurso sobre Doutrina Social da Igreja, Deus no Trabalho, Projeto Zaqueu, etc.
Discípulo-servidor: o desafio é permitir a cada pessoa que encontre o seu lugar para servir melhor a Igreja de um modo estável. Isto supõe um trabalho a partir dos dons espirituais da pessoa, dos seus talentos, das suas experiências, do que ela viveu de belo e doloroso.
Discípulo-missionário: é a vocação de cada batizado ser missionário onde vive. Muitos não o são por falta de encorajamento ou de amparo. Uma formação para a missão, com uma forte dimensão eclesial, é por isso ainda necessária entre nós para fazer aparecer mais discípulos-missionários e permitir-lhes viver esta dimensão indispensável à vida cristã.

A Visão das paróquias


A Visão das paróquias está baseada nos 5 pilares essenciais para o chamamento e crescimento do discípulo missionário e de toda a comunidade cristã.
A Igreja é um Corpo vivo e, assim como o corpo tem vários sistemas autónomos mas interconectados e para que o corpo seja saudável (é preciso que tudo funcione bem: sistema respiratório, digestivo, imunitário, etc.), assim também o Corpo que é a Igreja necessita que todos estes sistemas funcionem bem e a falta de um pode tornar o corpo débil ou doente.
Esses sistemas são:
Evangelização: para levar outras pessoas a um encontro e amizade com a pessoa de Jesus Cristo.
Serviço e liderança: a capacidade de influenciar, servir e mover as pessoas para a obra de construção do Reino de Deus.
Comunidade: a experiência de pertencer a uma comunidade significativa, acolhedora e fraterna.
Formação: crescimento em santidade, fé e conhecimento.
Culto: a celebração do louvor de Deus, a adoração e o acolhimento da graça através dos Sacramentos.
Em São João Baptista e, mais tarde, em São José, a visão pastoral foi construída tendo por base estes 5 pilares para o crescimento do discípulo na santidade e para a construção sólida de uma comunidade de discípulos.
Em São João Baptista enunciamo-la do seguinte modo:
«Somos uma comunidade orante e acolhedora, enraizada em Cristo, que serve e anuncia o Evangelho para a transformação do mundo».

Em S. José diz-se:
«Nascemos do encontro pessoal com Cristo, crescemos na comunhão com Deus e com os irmãos, formamos discípulos que evangelizam com ousadia e servem com amor».
Se repararmos bem nas cores, dar-nos-emos conta de que, apesar de usarmos palavras diferentes, elas contêm a mesma realidade: aquelas cinco fundações essenciais.
O que é que isto quer dizer? Quer dizer que queremos ser uma comunidade de discípulos que adoram a Deus, que vivem em comunhão fraterna apoiando-se mutuamente, que seguem Jesus enraizando-se na Sua Palavra e nos seus Mandamentos para uma cada vez maior identificação com Jesus Cristo, o nosso Mestre e Senhor, caminho verdade e vida e que, como Ele, servem exercendo influência à sua volta para mudar as coisas (liderança) e que evangelizam.
“Discípulo, é Aquele que encontrou Jesus pessoalmente, no seio da Igreja, que lhe entregou a sua vida, que tomou a decisão de viver segundo o Seu ensino, em todos os aspetos da vida. Um discípulo está, intencional e ativamente, comprometido com um processo contínuo de aprendizagem de Jesus e, inflamado por este encontro, partilha o Seu Caminho, Verdade e Vida com os outros”
Jesus viveu, com os seus doze discípulos, estes cinco pilares da formação de discípulos, e a primitiva comunidade cristã, conforme no-lo dá a conhecer S. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, era fiel a estas 5 fundações que tornam a comunidade saudável e a fazem crescer na santidade (cf At 2, 42-47).